Quatro de maio foi um daqueles péssimos dias, em que a necessidade de mudar cobra, exige uma atitude, fazendo fervilhar os neurônios, os hormônios, os fluídos do corpo todo, a espera de um “não sei o quê”... Acho que a espera é de um parto. Parto como substantivo e verbo, pois é preciso muito amor, consciência, coragem e maturidade para conseguir quebrar o ovo e nascer como pessoa verdadeira... e um dia é preciso parar de planejar e, de algum modo, partir.
A isto se somam inúmeros questionamentos, como estes: o que leva uma pessoa a continuar na mesma (Vida? História? Rotina?), quando sabe exatamente que não é o melhor para si, tem certeza absoluta do que não quer para sua vida, e possui todas as condições para mudar. O que acontece com a porra da atitude que não se realiza? Para responder a estas e tantas outras questões (rsrsrsrs) decidi fazer a partir do dia 04/05/10 uma espécie de diário, onde eu descreveria pelo menos uma situação ou sentimento relacionado ao dia e à minha condição de “casada”. O objetivo é apenas olhar para os meus dias e medir o lado bom e o ruim de estar casada com o ser em questão. Não que eu tenha dúvidas sobre o que pesa mais, acontece que alivia quando registro e também me organizo e compreendo melhor o que acontece comigo.
Confesso que foi forçada (pelo meu lado que ainda está sano) que eu escrevi sobre os primeiros dias, escrevi de qualquer jeito. Mas agora eu decidi levar a sério e vou até postar no blog, a começar de um apanhado geral destes dias de desleixo:
05/05/10 - cheguei do trabalho, e ele tava lá com aquela mesma cara de sempre (que me angustia). Trocamos poucas palavras, ele jogou o controle da televisão com toda a força no chão até partir em vários pedaços, porque o controle não funcionou. Deitamos na mesma cama, ele não me fez um carinho, não me beijou. Enquanto dormíamos, só me abraçou durante poucos 5 minutos, porque eu tomei iniciativa. De manhã saiu para trabalhar sem ao menos dizer tchau.
06/05/10 - Foi ameno (menos grosso) ao atender minhas ligações, mas isto não significa que tenha sido atencioso e nem que tenha se mostrado feliz por conversar comigo. Quando chegou do trabalho, claro que não me beijou, aliás, nem oi ele falou. Não que tivéssemos brigado, este é o modo costumeiro de ele me tratar. E assim foi até amanhecermos hoje, sem um beijo, sem um carinho. Eu tento com todas as minhas forças não cobrar o cuidado, a atenção que eu tanto sinto falta, mas não tenho conseguido. Hoje cedo disse a ele: “todo ser humano precisa se sentir desejado, amado e seguro”. Além disso, disse que melhor seria se fossemos amigos e ficássemos de vez em quando (isto é consolo para mim), pelo menos eu não me sentiria tão rejeitada ao lado dele. Ele comprou um controle novo pra TV.
10/05/10 - Nada melhorou. Fomos viajar, e até que não brigamos, segundo ele porque ele conseguiu se controlar, pois se dependesse de mim tínhamos brigado. Eu vejo como o completo oposto, pois venho abrindo mão de mim mesma em troca de paz. Pra dizer que não houve beijo, houve um selinho, mais nada. Ah, houve também duas danças, que foram ótimas, mas agora me sinto péssima porque perante todos ficou claro que ele agia como se fizesse um favor em dançar comigo. Semelhante foi quando apontei um casal da terceira idade que pegavam nas mãos e ele respondeu: “quer que eu pegue na sua mão para satisfazer seu ego?”. Fora isto eu contei como algo de muita relevância ele ter ficado bastante tempo no almoço com a minha família.
11/05/10 - Fui abraçá-lo quando cheguei do serviço ele se esquivou. Reclamou de dor no nariz. Pedi uma massagem ele disse que não. Convidei-o para me assistir palestrando e ele disse que não. Pior: disse que vai fazer uma cirurgia, precisa de um acompanhante e convidou um amigo (que eu não sei nem o nome) para dormir com ele, só porque não quer ter que fazer o mesmo por mim em um futuro qualquer.
12/05/10 - Levei um filme para assistirmos juntos, um filme que falava de amor, de superação, pensei que seria bom se assistíssemos, mas não consegui. O pouco caso dele foi de uma insensibilidade tão grande que eu desisti e fui dormir com tanto ódio de mim por insistir em fazer algo com ele que o meu peito doeu a noite toda.
Então, meus dias são assim, não tenho mais nada para falar. Depois que li este texto perdi até a fome que estava enorme minutos atrás...
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