“O homem prudente deve ordenar, segundo a importância,
todos os seus interesses e saber impeli-los para frente,
cada um na sua ordem. A nossa avidez muitas vezes
os emaranham, obrigando-nos a correr para tantas coisas
de uma só vez que, por excesso de desejo das menos
importantes, terminamos por pender as mais importantes”.
Marques De La Rochefoucauld.
Marques De La Rochefoucauld.
Depois que admiti o fim da minha relação e que olhei para a bagunça que anda minha vida sem o rancor que me acompanhava a não sei quanto (mas sei que há muito) tempo, passei a respirar melhor e mudei o foco da minha existência.
Há meses (talvez anos) eu concentrava toda minha energia para salvar meu casamento, mas hoje esta energia pede violentamente um canal para que possa ser desprendida e revigorada. Antes de qualquer coisa, agora que inicio uma nova fase, preciso organizar o caos em mim, preciso estabelecer prioridades, e vejo a necessidade de trabalhar minha avidez, como diz a epígrafe.
Diante disto tenho refletido: “o que priorizar, qual seria o meu entorno?”. O meu primeiro entorno infelizmente é minha vida financeira, é o que mais tem me limitado e me possibilitado ao mesmo tempo, e é o que está mais desandado atualmente. A questão financeira nunca tinha sido prioridade pra mim, ao contrário, sempre critiquei as questões do capitalismo, do consumismo, e similares... Sempre detestei o modelo de mundo que me circunda, em formato de caixinha – necessito fazer esta observação: “a minha volta, a idéia é deixar a vida pessoal para trás, sair de uma caixinha (apartamento, casa) pela manhã, entrar em outra, sobre rodas (ônibus, metrô ou carro) e chegar à outra maior (escritórios ou fábricas sem vista para fora), para ficar o dia inteiro, e voltar via caixa-sobre-rodas para a caixa-mãe. Lá, é sentar na frente da caixinha-com-tela e depois cair desacordado por sobre uma caixa-com-colchão. No dia seguinte, transitar novamente entre caixinhas. Fui criada para ser capaz de comprar caixinhas maiores para morar, caixinhas mais rápidas para dirigir e caixinhas de canto no escritório para trabalhar, onde pessoas dentro de caixinhas de organograma mandam em caixinhas de cronogramas. Aprendi que o sucesso ou fracasso depende de quanto subirem na hierarquia das caixinhas” – feita a ressalva que visa deixar bem clara minha posição frente aos valores de status e posição econômica, eu posso seguir mais tranquilamente, com a consciência de que organizar-me financeiramente nada tem a ver com as tentativas de realização do meu projeto de vida. Antes, prefiro viajar sem rumo.
Mas voltando as prioridades, é chegada a hora do planejamento, de fato:
• Até dezembro me organizarei financeiramente, fazendo um balanço mensal dos meus gastos, cortando os excessos e buscando meios de ganhar mais (hora extra e trabalho extra). Até o final do ano tenho uma dívida de R$ 3674,00 para abater, a qual não pode aumentar (que Deus me ajude – Amém).
• A partir de janeiro irei investir no meu lado mulher, em roupas, cabelo, e o que mais minha criatividade permitir.
• A partir de abril irei dedicar-me a vida familiar, em especial a quatro pessoas: minhas duas irmãs, minha avó e minha afilhada.
Durante todo este tempo trabalharei a manutenção do meu peso e dos meus estudos. E muito importante: irei procurar os amigos distantes, e cuidar mais dos próximos, pois ando muito desnaturada.
Quando sentir segurança na organização dos tópicos acima, investirei nos estudos enfaticamente, e mergulharei profundamente em outros mares, descobrirei outros mistérios, e trilharei caminhos desconhecidos, nos mais altos vôos que já alcei até hoje.